Welcome to Daedalus' Labyrinth

This blog has been created with the intention of posting online some ideas, points of view, histories, stories, tales and anything else that its creators want to write about.

The posts will be signed as from "Daedalus" or from "Uranus", therefore, differenciation will be easily noticed.

Thursday, June 16, 2011

A Origem do Amor

As pessoas aparentemente gostaram quando contei esta história a elas com as minhas palavras e, como, pessoalmente, amo esta história, decidi que seria interessante fazer dela um artigo aqui no blog.

Esta "estória" é originalmente encontrada no simpósio de platão. Na cena do banquete, quando Aristófanes dá o seu discurso, que é, basicamente, "A Origem do Amor".

Há muitos séculos, quando a Pangeia ainda era o único continente e a Terra estava em sua plena juventude, os deuses já assistiam a humanidade do topo do Olimpo.
A humanidade, porém, não era como a conhecemos hoje.
Todos viviam em forma de esfera. Eram verdadeiras bestas enormes. Tinham dois pares de pernas e braços. E por terem duas cabeças, podiam enxergar tudo o que acontecia ao seu redor. Caso ficassem cansadas de andar, as bestas rolavam como grandes barris orgânicos.
Eles eram muito cheios de si e satisfeitos. Seres muito orgulhosos.
Seuxalmente, havia algo a mais. Eram três sexos ao invés de apenas dois.
Havia os filhos do Sol (dois homens grudados pelas costas, Andro), as filhas da Terra (duas mulheres igualmente coladas, Gino) e os filhos da Lua (Um homem e uma mulher unidos por detrás, andrógino).

Autosuficientes e ambiciosos. A ousadia era cada vez maior nas atitudes daquelas criaturas. Tal ousadia já começava a assutar os deuses que os assistiam cada vez mais receosos.
A gota d'água foi quando, a então humanidade, tentou subir o Monte Olimpo para tomar o lugar dos deuses, fazendo-os a maior afronta possível.
Os deuses concluiram que uma atitude deveria ser tomada.
Hefesto sugeriu que matassem a todos como fizeram com os gigantes.
Mas Zeus tivera uma ideia muito melhor e, então, apresentou-a aos outros olímpicos : Não podemos matá-los, pois precisamos de suas oferendas, sacrifícios, preces e fé. Há uma outra solução.
Hélio, escurece o Sol ! Hera, incha as nuvens ! Hefesto, traz-me meus raios. Cortá-los-ei bem ao meio e teremos o dobro de regalias deles ao passo que bastamos com sua arrogância !"
As criaturas que escalavam o monte pararam para ver o que acontecia. O céu se fizera escuro e algo terrível aconteceria, era óbvio que haviam exagerado.
E as navalhas mortais cairam do céu sobre a humanidade. As criaturas tiveram seus corpos partidos bem ao meio. A própria alma fora dividida pelos raios, cortando todos à própria miséria.
Fracos, feridos e humilhados, os seres humanos corriam para todos os lados em busca de sua outra metade. Mas como saber quem era se eles nunca se viram de verdade ? Eles viviam costa-à-costa e nunca haviam percebido o quão importantes eram um para o outro, pois já viviam como um.
Os que se encontravam, se abraçavam desesperadamente para voltarem a serem um outra vez.
Um a um, eles morriam de fome. A mortalidade exacerbada alarmou os deuses. Não podiam ficar sem seus crentes !
Zeus, então, teve outra ideia astuta e disse :
"Apolo, desce e cura essas bestas, puxa-lhes o sexo para frente, pois assim os opostos se reproduzirão e os iguais poderão satisfazer-se ! Após a cura, atá-lhes a cicatriz na barriga, como prova do que fizeram e lembrança do seu castigo !"
Apollo cumpriu sua tarefa, curando as feridas das criaturas, criando do umbigo a lembrança e a humanidade podia continuar vivendo.
Porém, havia ainda uma sede de vingança entre os deuses.
Ártemis causou um grande terremoto.
Hera, um grande maremoto.
E juntas, a maior tempestade de todas.
O continente da Pangeia se rasgou e nasceram os cinco de hoje em dia.
E todas as pessoas foram sugadas pela tempestade e espalhadas por todos os cantos do mundo. Condenadas a vagar eternamente atrás da outra metade, atrás daquilo que tanto as falta.
E Zeus avisou que se nos portamos mal, cortar-nos-ão outra vez ... e seremos caolhos de uma perna.
Quando uma metade encontra a outra, ela é invadida por sensações completamente antagônicas. Ao mesmo tempo em que desejam ser um outra vez. São imediatamente lembrados da dor da separação. Não é no rosto onde está a dor, mas, sim, no astral.
Quando juntas, as metades ignoram o tempo e a tristeza, pois estão fortes e completas. Quando separadas, tudo o que fazem é vazio e tedioso.
O abraço é o mais próximo da união que um dia tiveram e é onde encontram o que lhes é tão familiar.
A pureza do verdadeiro amor entre as almas que se completam é além da carne e além da mente. Ou seja, está longe da compreensão mortal.
Quando as duas metades estão juntas e não sabem explicar o por que de tal necessidade, é porque se amam verdadeiramente.
Foi pelo medo divino que nos convertemos em solitárias criaturas bípedes.

E neste mundo feito de ficção, nada além do amor é o que parece.

1 comment:

  1. Palavras marcantes, muito boa a história, poética e crítica, linda e triste.
    Simples e de fácil "digestão", de fato umas das melhores que já li.

    ReplyDelete